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Channel: Comentários em: O Virgílio é boa gente
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Por: CÍCERO

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Começo este comentário referindo-me a uns almoços que se realizam na Associação 25 de Abril todas as 4ªs feiras e para os quais é convidada uma personalidade capaz de refletir com justeza e justiça sobre o momento político que se vive em Portugal. Na passada 4ª feira, dia 5, o convidado foi o bispo ex-capelão das Forças Armadas D. Januário Torgal Ferreira.

Infelizmente nesta 4ªfeira não tivemos oportunidade de ouvir até ao fim o que o bispo Torgal Ferreira tinha para nos dizer e, muito menos, de ter com ele aquela troca de impressões em que pudéssemos debater, com mais profundidade, a intensidade das suas palavras e a importância e o significado de que elas se revestem, vindas de quem vêm e no momento político que atravessamos. A doença súbita de que inesperadamente foi vítima o Coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação, tornou isso naturalmente impossível. Foi pena! Penso que nessa mais viva troca de ideias, o bispo Torgal Ferreira , reforçaria a impressão que ele, apesar de tudo deixou, de um claro e salutar distanciamento em relação às posições ultimamente assumidas por alguns outros bispos.

Vem a propósito deixar aqui as conhecidas e justíssimas palavras de Miguel Torga. Diz ele: “É UM FENÓMENO CURIOSO: O PAÍS ERGUE-SE INDIGNADO; MOUREJA O DIA INTEIRO, INDIGNADO; DIVERTE-SE, INDIGNADO; MAS NÃO PASSA DISTO! FALTA-LHE O ROMANTISMO CÍVICO DA AGRESSÃO. SOMOS SOCIALMENTE UMA COLETIVIDADE CÍVICA DE REVOLTADOS!”

Pois bem, parece que uma coletividade com estas características não precisa que “gajos porreiros e inteligentes”, como no dizer da Teresa será o bispo Virgílio e o cardeal Clemente, aumentem, através de palavras bonitas, doces e tranquilas, a dose do anestésico que todos os dias lhe é ministrada. Anestésico tem ela que sobre, no que todos os dias vê, ouve e lê na televisão, na rádio e na imprensa! Anestésico tem ela demais, no Fado, em Fátima e no Futebol!

E ainda menos se entendem as palavrinhas doces do bispo Virgílio e Clemente quando nos Evangelhos que eles próprios pregam, se lêm estas esclarecedoras palavras de Cristo: “EU NÃO VIM TRAZER A PAZ MAS A ESPADA”. Estou longe de ser um exegeta mas suponho não ser possíveln outra interpretação que não seja a de uma lúcida aceitação da “espada”, quando necessária ela for, para defender a justiça e os mais desprotegidos, como defende a Teologia da Libertação.

Celebramos daqui a 3 meses os 40 anos do 25 de Abril! Com muita demagogia e mentira à rédea solta. Temos no poder – governo, presidente e assembleia de república – a “direita” mais agressiva que alguma vez ocupou a poder no pós 25 de Abril, e que se revela claramente apostada em apagar ou reduzir à expressão mais simples tudo aquilo que então Portugal conquistou.

Por isso apetece terminar com as palavras de Ary dos Santos: “AOS CAPITÃES PROGRESSISTAS, O POVO DEU O PODER! * E SE ESSE PODER UM DIA * O QUISER ROUBAR ALGUÉM * NÃO FICA NA BURGUESIA * VOLTA À BARRIGA DA MÃE * VOLTA À BARRIGA DA TERRA * QUE EM BOA HORA O PARIU! * AGORA NINGUÉM MAIS CERRA *AS PORTAS QUE ABRIL, ABRIU!”


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